sábado, 24 de setembro de 2011

Somos dois, nunca poderíamos ser um

Gosto da maneira como nos entendemos. Gosto da maneira como percebemos que não podemos ficar juntos. Nós não somos isso. Somos dois, nunca poderíamos ser um. Gosto como somos crescidos e falamos sobre a nossa relação. Eu já não estava habituada a isso, admito. Gosto mesmo do que somos, mesmo que o sejamos separados. A nossa ligação é para lá de inexplicável, mas a forma de cada um de nós levar a vida não é compatível a longo prazo. Por isso, somos o que somos, separados. Amigos, sempre. Juntos, às vezes. Tornarmo-nos um, nunca. Aconteça o que acontecer, desejo-te o triplo do que desejo para mim. O resto é conversa.
Maria Violeta

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Mente, vai de férias e deixa-me dormir!

Eu adormeço facilmente, segundo as minhas companheiras de férias e, presumo, de vida. Dizem que não dou tempo para as ouvir dizer "meninas, até amanhã! durmam bem", depois de eu dizer essa frase para o tecto, para o nada. Dita esta frase, estando eu de barriga virada para o céu, viro-me para um dos lados e adormeço. Logo, instantaneamente, segundo elas. Não dou tempo para as ouvir repetir a minha frase. Deixava-me embrenhar no mundo do João Pestana e dali não saía até acordar, de manhã. Mas vai haver uma noite em que isto não vai acontecer. A noite está para breve. Sinto que não vou adormecer logo, que não me vou deixar levar tão facilmente pelo Pestanudo. Preciso ferozmente dos acontecimentos do dia que segue a essa noite. Preciso de vivê-lo ao segundo, ao milímetro. Sem deixar escapar uma palavra ou gesto. Ou sentimento. Ou tudo o que acontecerá. Não posso deixar escapar e tenho medo que isso aconteça. Esta é uma das razões para adiar a ida para o maravilhoso mundo dos sonhos. Mas existe outra, ainda mais grandiosa. A que me inquieta, mesmo nas noites anteriores, mas que ainda não me tira o sono. O facto de não saber como vamos reagir nesse primeiro dia, o facto de não saber o que queremos de tudo isto e o facto de os outros saberem, mas fingirem que não vêem. Preciso desse dia, mais do que qualquer outra coisa, mas tenho medo que ele aconteça e nada corra como espero. Não vou dormir logo, eu sei. Mas vou acabar por adormecer. Vou vencer o cansaço e a mente que devia fechar para férias.
Maria Violeta