Quando, em mini-Maria Violeta, me perguntavam o que "queria ser quando fosse mais crescida", eu diria, sem hesitar, Médica Veterinária. Sempre achei montes de piada aos animaizinhos, apesar de me partir a chorar quando via (e ainda quando vejo) BBC Vida Selvagem. A imagem de uma gazela a ser ingerida por um leão, ainda hoje, é incompatível com as minhas glândulas lacrimais. De qualquer forma, a Veterinária era a minha escolha.
Entretanto, fui crescendo. A Veterinária deixou de preencher o meu coração. A Astronomia, sempre teve um lugar de ouro nesse meu órgão. Sempre fui fascinada pelos planetas, sistemas e tudo o que envolve o aparecimento do Universo. Pensei, então, que tinha encontrado a minha futura ocupação. Mas, mais uma vez, enganei-me. Ao crescer ainda mais, apercebi-me que não era, pelo menos em Portugal, uma profissão com um futuro promissor. Por isso, e sendo eu, ainda hoje, uma jovem que não vive em ilusões, abandonei essa paixão. E, hoje, não me arrependo de ter recusado a Astronomia. Afinal de contas, eu e a Física não temos uma relação muito amigável.
Cresci, cresci. Não só em altura, mas também em decisões. Comecei a sentir uma empatia com a área da Saúde. A Pediatria chamava por mim, pensava eu. Gostava de Medicina, e pensei que a Pediatria seria algo com que eu gostava de me relacionar no futuro. Mas, ao longo do tempo, apercebi-me, amarguradamente, que não tinha como entrar em Medicina. Eu, como tantos outros jovens, tivemos de abandonar os bisturis e o estetoscópio. Sinceramente, hoje, se conseguisse entrar em Medicina, não iria, DE TODO, para Pediatria. Para já, a minha paciência para mini-pessoas é cada vez menor. E gosto de sangue. De cortes. De correria. Claro que podia seguir cirurgia na Pediatria, mas não seria a mesma coisa, penso eu. Hoje, escolheria Traumatologia. Mas, continuando eu a ser uma rapariga que não se dá a ilusões, deixei a Medicina de lado. Não tanto como deixei a Medicina Veterinária ou a Astronomia, mas deixei. Pois, se houvesse oportunidade, não pensaria duas vezes e iria parar à Faculdade de Medicina de Lisboa.
Continuei a crescer, sem parar. Abandonando tanto para trás, decidi não abandonar a Saúde. Por isso, procurei dentro de mim o que eu realmente queria. Agora, hoje, após tanto tempo de busca e de recusa, decidi entregar-me, futuramente, à Enfermagem. Até aos dias que correm, recusava INCESSANTEMENTE este caminho. Agora, tenho a ideia, e mesmo depois de falar com futuras enfermeiras, que já existem auxiliares e que os enfermeiros são, e serão, indispensáveis para o funcionamento de qualquer unidade médica. Hoje, penso que será o curso mais parecido com o que eu realmente gosto. E como diz a minha querida Sis: "Quem sabe se não virás realmente a gostar?". Eu espero pela minha reacção, no futuro.
Maria Violeta.