Entrámos. Nada mais via do que cores e sabores por serem experimentados. Tu guiavas-me com os olhos. Sabias que eu era perdida de amores por gelados. E desamores - maldita sensibilidade dentária! Finalmente demos por terminada a indecisão, a escolha deu origem a um cone dourado, crocante, escondido por duas bolas de gelado. Framboesa e stracciatella, os meus preferidos. Ele sabe disso. Como a limonada a acompanhar aquele fast food gourmet. Gosto quando ele pede o que eu quero, antes de eu cansar-me a fazer o pedido. Sabe o que quero, como quero, com a quantidade de grãos de açúcar que quero. Mas voltando ao gelado... Escolhemos. Fizemos a troca justa, a dos dias de hoje, com o funcionário da gelataria. Mas a saída foi invulgar. Ou melhor, o prenúncio do meu futuro breve. Aquele que me encanta diariamente encantou-se com o mais querido lactente que nós alguma vez tínhamos visto. Bochechas proeminentes, olhos brilhantes e muito grandes, vergonha associada a um sorriso doce. O meu encantador de serpentes encantou-se. E eu também. Não tanto pelo bebé, mas pelo dono das serpentes. Como foi bom e delicioso vê-lo a arrancar sorrisos àquela criança. Despertou algo em mim, sem dúvida. Obrigada, meu amor.
Para sempre,
Maria Violeta.