terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Piriquita M.

Hoje eu estava sentada no nada, mas com tudo. Com tudo e com um pássaro. Asas brancas e azuis. Uma mistura serena, mas arriscada. Arriscada para um pássaro que voa. Um pássaro que tem irreverência suficiente para mostrar a meio mundo qual o seu vestido. O seu vestido permanente; maior irreverência. Como se não bastasse andar com o seu lindo vestido um dia!
Ele pavoneava-se na minha mão. Sim, ele pousou! Eu, de mão esticada, sem tremer, esperava a aterragem do pássaro cheio de irreverência. Ele pousou sem custo. Depois, ambientava-se. Dava pequenos passinhos na minha mão e depois bicava-a. Logo a seguir, elevava o pescoço e olhava para o horizonte. Como é que ele se atreve?! Primeiro, é irreverente na hora de se vestir. E como se isso não fosse o suficiente, ainda desafiava o belo horizonte. Como ele foi capaz?! Olhava para o horizonte de bico levantado, com os pequeninos olhos investidos naquele nada. Mas o horizonte tem poder. O poder de nos levar a outros lugares e de nos fazer pensar que é o limite. Por isso, um pequeno pássaro, apesar de estar na moda, não pode olhar assim para o horizonte! Tem de o olhar com respeito, com o bico menos levantado e com uma alma menos poluída. Ele achava-se dominador, coitado! 
Como deves ter percebido, M., não gostei da atitude do "senhor" pássaro. Por isso, agitei a mão e fiz-lhe um olhar desaprovador. Ele foi sacudido do meu poleiro. Voou. Bateu asas e encarou o horizonte, mas de bico menos levantado.

Novas?

Maria Violetinha.

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