quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Agora, com menos cheiro a avó, mas com o mesmo cheiro a casa da avó

Nem tudo está igual. As pessoas não estão iguais. Umas, sim. Outras, muito diferentes. Crescidas ou envelhecidas. Com mais experiência ou mais loucuras. O que importa realmente é que a magia envolta permanece. Sem metamorfose. Igual. A vontade de liberdade e o carinho continuam. Mas falta uma peça. Importante. A mais importante, diria eu. Falta a avó. Mas a casa da avó continua a ser a casa da avó. Agora, com menos cheiro a avó, mas com o mesmo cheiro a casa da avó. Com a mesma lareira que eu utilizava para brincar com as minhas loiças e com todas as ervas que encontrava. Com as paredes forradas com papel de parede velho, mas doce. Com o mesmo banco de pedra que nos recebia tão bem, no exterior. Com as recordações de uma casa farta, em tempos. Com as recordações dos caldinhos que a avó fazia para os filhos e netos. Mas a porta fecha-se e logo se percebe que ficarão apenas como recordações. Já nada pode ser vivido. Agora resta viver o que há para viver e amar quem há para amar. Mas será sempre aquele caminho de pedra que marcará a minha infância na casa da avó. Corríamos sem barreiras e sem pensar que aquele caminho podia deixar de ser pecorrido, um dia. Hoje, não há qualquer razão para correr naquele caminho. Apenas temos de caminhar, absorver as recordações. 
Maria Violeta.

1 comentário:

flor de lótus disse...

Desfiz.me em pedaços agora!

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