terça-feira, 26 de julho de 2011

If this ain't love, then what is?

Estávamos em 2008. Ano longuínquo, quando pensamos que estamos a meio do ano 2011. Bem, regressando a 2008. Fui ao Rock in Rio Lisboa ver Ivete Sangalo e Lenny Kravitz. Sabia o que me esperava com Ivete - muito samba, calor e diversão daquela pura! Não sabia o que poderia contar com Lenny, mas gostei do resultado. Entretanto, no meio destes dois, apareceu Amy Winehouse. Alguém que eu só conhecia de "Rehab". Aquele alguém que me despertou numa manhã chuvosa de Domingo, no Vimeiro, em que eu já não queria nada com o João Pestana e desço até à sala, ligo a TV e dou de caras com uma rapariga morena, com uns traços diferentes, com uma voz marcante e com uma música que fica mesmo no ouvido. Lembro-me de estar sentada com os olhos vidrados na TV. Pensei que, apesar da letra, a melodia e o flow era aquilo que eu andava à procura há muito, muito tempo. Escrevi o nome da cantora e da música numa das folhas do jornal "Dica da Semana". Mas voltando ao RIR Lx, fiquei surpreendida com tudo o que aconteceu naquele concerto. Eu não ia preparada para a ver, não fazia parte dos meus planos. Mas fiquei presa no ar fraco, na voz que não se parecia DE TODO com aquela que me tinha posto vidrada na TV naquela manhã de Domingo de há uns meses atrás. Não conhecia o seu historial, não conhecia a sua vida, não conhecia os seus dramas. Por isso, fiquei ainda mais surpreendida quando a vi a actuar de forma tão diferente daquele que eu tinha ideia. No dia seguinte, como a sua prestação foi, mais uma vez, desastrosa, vários eram os vídeos de Amy no concerto da noite seguinte em Lisboa. A partir daí, comecei a ouvir outros temas, outras melodias, ver outras notas a sair da boca daquela que, umas semanas mais tarde, se tornou a artista que mais me preencheu desde sempre. O género, a melodia, a atmosfera, os ritmos e a energia daquelas músicas que misturam Jazz, Soul, Blues, R&B e ainda Motown, ficaram gravadas e despertaram o meu sentido musical. A partir dessa manhã, percebi que tinha encontrado a artista que me dava tudo aquilo que eu estava a precisar. E, apesar de não saber o que é viver o que ela representava nas letras, eu conseguia ser transportada para a dimensão sofredora e vivida dela. Era instântaneo, cru e indolor. Sabia melhor do que qualquer outra coisa. Eu sentia-me preenchida. Ainda hoje, sinto. Digo, sem quaisquer medos e tendo a noção que não sei o que o futuro me reserva, que ela é e sempre será a cantora que, em termos musicais, dá tudo aquilo que eu preciso para ser feliz. Digo, sem quaisquer medos e tendo a noção que não sei o que o futuro me reserva, que ela consegue fazer-me sentir preenchida e noutra dimensão que eu pensei nunca chegar, e que nunca tinha chegado com outro artista. Ela morreu. Mas, felizmente, ao ouvi-la todos os dias no meu iPod, não penso nela enquanto um corpo morto e esqueço-me que ela morreu fisicamente. Não me lembro. Apenas desfruto e deixo-me acompanhar da sua voz, chegando então à dimensão que tanto me acolhe. Obrigada, a ti, enquanto profissional. Parabéns, a ti, enquanto mulher que lutou, mas que, como tantas outras mulheres, não venceu. Se isto não é amor, então o que é?
Maria Violeta

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