sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Doce M.

Estou sentada. Sentada ao lado da Pedra, no cimo do monte. Aquela Pedra que só nós conhecíamos. A Pedra que deixava a minha imaginação voar. A Pedra. Sem riscos ou musgo. Sem terra ou argila. Mas com coração. É uma pedra com coração. Sempre te disse que a Pedra tinha coração. E agora, ao colocar a o ouvido esquerdo sobre a Pedra, senti uma baque. Um baque frio, mas era um baque. Sim, ela tem mesmo coração! E até sei porquê: todos os dias, ela pode contemplar esta linda imagem. Verde. Tanto verde. Verde que não desapareceu com a tua partida. Corajoso verde. E a Pedra também é corajosa. Não saiu daqui quando tu saíste. E o coraçãozinho dela continua a bater. 
Sinto tudo. Tudo o que há para sentir quando se ouve um coração. E assim, sinto que ela é mais do que uma pedra desprezada por tantos. Esses tantos também têm um coração de pedra. Por vezes, ainda mais rijo e frio. Mas mesmo assim, desprezam o que não se deve desprezar. Desprezam como se todos fossemos uns bichos. Bichos piores que pedras com musgo! Mas ela não. Ela sente. Sente com o coração de pedra.

Espero que percebas: ela é um pedra, logo tem direito a ter um coração de pedra. Tira o teu. Ainda vais a tempo.

Da rapariga dos montes,
Maria Violeta. 


Sem comentários:

Enviar um comentário