sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Madrinha

Na semana de praxes, nós, os bichos, temos de escolher um superior (vá, lisboetas, veterano) para ser nosso padrinho ou madrinha. Tem de ser o superior ou superiora com que nos identifiquemos mais. Tem de ser aquele superior com que tenhamos uma ligação, mesmo eles estando a praxar-nos. O convite é feito, sendo que cada padrinho ou madrinha só pode ter dois afilhados. E assim, eu escolhi a minha madrinha. Digo, sem medo, que foi a melhor escolha. Grita comigo de dia, mas também me protege. À noite, quando jantei em casa dela, graças ao leilão, mostra-me o quarto e conta-me histórias sobre ela. Tem imensos apontamentos e é super divertida. Já está no segundo ano de Enfermagem e tem pouco mais de um ano que eu. É a coisa mais querida de sempre! Mas não tenho só uma madrinha, não. Também tenho uma tia que é um doce: é afilhada da mesma madrinha que a minha madrinha. Ou seja, a madrinha delas é a mesma e é a minha avó. Como elas são as duas afilhadas da mesma superiora, são primas. O que faz com que a prima da minha madrinha seja minha tia. Complicado? Mas também tenho um bisavô. Um quase-enfermeiro
No tribunal de praxe - nós, os bichos, somos levados para uma sala escura, apenas iluminada com velas, onde se encontram todos os superiores - somos julgados pelos crimes cometidos durante a semana de praxes. Seja, ter ficado de ressaca no dia seguinte ao rally tascas ou ter tentado seduzir um superior ou superiora, por exemplo. Estamos todos dentro da sala, de costas para o centro, e somos chamados um a um. Uma superiora faz a acusação e depois os superiores decidem qual o julgamento para o bicho. Entre eles, é rebolar no meio de lixo ou beber um cocktail especial. E eu, GRAÇAS A QUALQUER COISA, não fui chamada. Aliás, poucos foram chamados. Mas só para se perceber quão amável e protectora a minha madrinha é: ela disse-me ontem que, se eu fosse chamada hoje ao tribunal de praxe, ela iria comigo e também sofria o castigo. Então, tenho a melhor madrinha de sempre, não?

Madrinha, é uma palavra um pouco diferente ultimamente. A minha madrinha de baptismo já não sabe nada de mim. Mas diga-se que a minha madrinha da faculdade é a melhor madrinha. Até arrisco dizer que substitui qualquer outra. Mesmo aquela que me segurou, no dia do baptizado, para o padre me molhar a cabecinha. 
Maria Violeta

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